Orphan é um filme americano de 2009, dos gêneros drama, suspense e terror, dirigido por Jaume Collet-Serra, escrito por David Johnson e Alex Mace e protagonizado por Isabelle Fuhrman, Peter Sarsgaard, Vera Farmiga e Aryana Engineer.
A Orfã não se trata de mais um filme de terror barato envolvendo crianças assassinas. Posso afirmar que sem dúvida, apesar do personagem da historia não ser basicamente e mentalmente uma criança, é um dos melhores filmes não caindo nos costumeiros clichês e sendo um filme de terror que pode ser ser citado como acima da média esperada.
Na trama, o casal Kate e John, têm a vida conjugal abalada após a morte do terceiro filho, ainda durante a gravidez. Embora tenha ainda dois filhos, Daniel e Max, que sofre de deficiência auditiva, a mãe continua atormentada pelo sentimento de culpa e pela frustração. de ter perdido um filho. Em uma tentativa de superar a tragédia, o casal decide adotar uma criança em um orfanato para meninas. Lá eles encontram a encantadora Esther, uma garotinha russa de 9 anos com uma inteligência excepcional. A primeira a suspeitar que Esther possa esconder algum segredo perigoso é Kate. Mas bastam alguns dias para que Esther já esteja manipulando a todos, corrompendo a família e despertando fantasmas esquecidos no passado, como o alcoolismo da mãe e uma suposta traição do pai. O ponto forte do filme está no desenvolvimento do horror psicológico, que cresce de forma exponencial até o clímax, quando ocorre a sua materialização, de maneira violenta e perturbadora.
A dúvida sobre a inocência da pequena Esther não dura muito tempo. O que parece apenas um drama envolvendo alcoolismo da mãe, o ciúme dos novos irmãos, e o instinto de autopreservação de uma criança que sempre viveu abandonada, transforma-se num suspense eficiente e muito bem trabalhado, que faz questão de não inventar motivos que condicionem Esther a ser o que realmente é. É a irracional manifestação da maldade. E entre outras crueldades, a menina mata uma freira a marteladas, empurra uma amiguinha de cima de um enorme escorregador, tenta matar o irmão queimado e acreditem, numa cena um tanto incômoda, tenta seduzir o próprio pai adotivo.
O filme guarda reviravoltas autênticas que podem acabar desagradando alguns. A mãe, desconfiada do comportamento da filha, procura informações sobre o orfanato russo onde supostamente Esther teria vivido antes de vir para a América. Para surpresa de Kate, a entidade que consta nos documentos não é um orfanato, e sim um hospital psiquiátrico para pacientes perigosos. Mas que Esther não é normal. O hospital russo afirma não aceitar crianças. A órfã é na verdade uma adulta, com mais de 30 anos, que sofre de um caso raro de nanismo. Esta reviravolta acaba amenizando a polêmica de algumas cenas mais fortes, como a violenta morte da freira ou a insinuação sexual para cima do pai, mas não deixa de ser originalíssima.
O elenco tem seus pontos fortes desde os atores mais experientes aos mais novos, todos têm grande destaque, com atuações excelentes. Vera Farmiga, que interpreta a mãe atormentada pela perda do bebê e uma quase-tragédia decorrente de seu alcoolismo desenvolve uma atuação excelente. O desespero de sua personagem é visto com perfeição por meio de sua atuação, intensa e sufocante, na tentativa incessante de proteger seus filhos de Esther. Os momentos em que tenta convencer o marido da verdadeira face de Esther são agoniantes, e Farmiga mostra-nos como uma verdadeira mãe se comportaria vendo os filhos em iminente perigo. Peter Sarsgaard, interpretando Peter, tem uma atuação excelente. O pai cético convence em seu amor incondicional pela filha adotiva, sendo, por muitas vezes, extremamente irritante. Aryana Engineer é a surda Max, filha mais nova do casal, e tem uma atuação surpreendente. A pequena atriz, que aprendeu a linguagem de sinais na vida real em virtude de ter mãe surda, é excelente em suas expressões faciais meigas e, quase sempre, amedrontadas, fazendo com que a ausência de falas orais não seja sentida. O outro filho do casal, Daniel, é interpretado pelo jovem e experiente Jimmy Bennett, que se mostra muitíssimo promissor como ator em mais uma atuação de alto nível.
O final do filme é surpreendente e perturbador. Maquiagem, fotografia, efeitos sonoros, tudo colabora imensamente para a revelação do segredo de Esther, impossível de ser descoberto antes da sufocante seqüência final. Um filme forte e cruel que merece ser conferido por todo e qualquer amante do cinema. Para os amantes do terror e suspense, “A Órfã” é uma parada obrigatória, da qual ninguém sai arrependido. Sem dúvida, um dos melhores filmes do ano. Sem dúvida, um dos melhores filmes de crianças más da história do cinema.
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